O agulhamento seco (do inglês dry needling) tem ganhado cada vez mais espaço nas práticas médicas voltadas ao tratamento de dores musculares e disfunções musculoesqueléticas. Baseado na introdução de agulhas em pontos gatilho miofasciais (regiões de tensão muscular), essa técnica visa o alívio da dor, melhora da função muscular e reequilíbrio neuromotor. Porém, apesar de seus amplos benefícios, como todo procedimento médico, ele também exige cuidados, conhecimento técnico e atenção às possíveis contraindicações.
Neste texto, vamos entender melhor quais são os riscos, indicações, contraindicações e cuidados fundamentais associados ao agulhamento seco — sempre com o olhar profissional e responsável que a prática médica exige.
O que é Agulhamento Seco?
Diferente da acupuntura tradicional ou da acupuntura neurofuncional, o agulhamento seco é uma técnica focada no sistema musculoesquelético, em especial no tratamento de pontos gatilho miofasciais — áreas de tensão localizada que, quando pressionadas, provocam dor local ou irradiada.
Esses pontos podem se formar devido a sobrecarga muscular, má postura, esforço repetitivo ou lesões traumáticas. Ao inserir agulhas finas e estéreis nesses locais específicos, sem injeção de substâncias (daí o termo “seco”), o objetivo é gerar um estímulo mecânico capaz de interromper o ciclo de dor, relaxar a musculatura e restaurar a função neuromuscular.
A técnica tem se mostrado eficaz em diversas condições, como dores cervicais, lombares, tendinites, síndrome de dor miofascial, cefaleias tensionais e em reabilitação de lesões esportivas.
É seguro? Quais os riscos envolvidos?
Quando realizado por um profissional médico capacitado, o agulhamento seco é, de maneira geral, um procedimento seguro e bem tolerado. No entanto, como qualquer intervenção invasiva, apresenta potenciais riscos, principalmente se realizado de forma inadequada ou sem o devido conhecimento anatômico.
Entre os principais riscos, podemos destacar:
Dor pós-sessão
É comum que o paciente sinta um leve desconforto ou dor muscular nas primeiras 24 a 48 horas após o agulhamento, semelhante à dor de um treino intenso. Isso ocorre devido à resposta inflamatória local e tende a desaparecer espontaneamente.
Equimoses (hematomas)
O contato da agulha com pequenos vasos pode provocar pequenos hematomas. Apesar de inofensivos, devem ser monitorados, especialmente em pacientes com distúrbios de coagulação ou uso de anticoagulantes.
Fadiga ou tontura momentânea
Alguns pacientes podem apresentar uma leve sensação de cansaço, tontura ou sudorese após a aplicação, geralmente de curta duração. Por isso, recomenda-se permanecer em repouso por alguns minutos após a sessão.
Infecções (raras)
A infecção é extremamente rara, especialmente quando a técnica é realizada em ambiente limpo, com materiais esterilizados e descartáveis — como deve ser em qualquer procedimento médico. A correta assepsia da pele e o uso de luvas reduzem esse risco praticamente a zero.
Perfuração de estruturas profundas
Em regiões como tórax ou pescoço, há risco, ainda que baixo, de atingir estruturas internas, como pulmões (caso de pneumotórax) ou vasos sanguíneos. Esse é um dos principais motivos pelos quais o agulhamento seco deve ser realizado exclusivamente por médicos capacitados, que dominem a anatomia tridimensional e tenham preparo para agir diante de qualquer eventualidade.
Contraindicações: quando o agulhamento seco não é recomendado.
Apesar de ser uma técnica segura, o agulhamento seco possui algumas contraindicações absolutas e relativas que devem ser avaliadas com cuidado pelo médico responsável. Entre elas:
Contraindicações absolutas
- Infecção ativa na região de aplicação;
- Presença de feridas abertas ou inflamação local;
- Pacientes com fobia severa a agulhas;
- Distúrbios graves de coagulação sanguínea;
- Uso recente de anticoagulantes em doses elevadas, sem controle adequado.
Contraindicações relativas (avaliadas caso a caso)
- Gravidez, especialmente no primeiro trimestre;
- Crianças pequenas ou pacientes com dificuldade de comunicação;
- Pacientes com doenças autoimunes em fase ativa;
- Pessoas com distúrbios neurológicos que afetem a percepção da dor;
- Presença de dispositivos médicos internos (como marca-passos), dependendo da área a ser tratada.
O bom senso clínico e a avaliação médica completa são indispensáveis para identificar riscos e definir a melhor conduta.
Cuidados antes, durante e após o agulhamento.
Antes da sessão
- Realize uma avaliação médica detalhada para identificar a origem da dor e confirmar a indicação do agulhamento;
- Informe o médico sobre doenças preexistentes, uso de medicamentos (principalmente anticoagulantes) e histórico de reações adversas;
- Evite sessões em jejum ou imediatamente após refeições pesadas.
Durante a sessão
- O paciente deve estar confortável e consciente dos objetivos do tratamento;
- O médico utilizará agulhas estéreis e técnicas seguras, com atenção à anatomia e profundidade de inserção;
- Em alguns casos, movimentos específicos são solicitados para avaliar a resposta ao estímulo.
Após a sessão
- Pode haver dor leve no local por até dois dias — compressas mornas e hidratação ajudam na recuperação;
- É recomendável evitar exercícios intensos nas primeiras 24 horas, dependendo da intensidade da sessão;
- Em caso de dor intensa, febre ou hematoma persistente, o médico deve ser comunicado.
A importância de um profissional qualificado
Apesar de ser cada vez mais popular, o agulhamento seco não é uma técnica isenta de riscos — e não deve ser confundido com terapias alternativas ou procedimentos realizados por profissionais não médicos. A aplicação correta exige conhecimento aprofundado da anatomia humana, fisiologia da dor e domínio técnico para garantir eficácia e segurança.
Quando conduzido por médicos com formação específica em dor, medicina esportiva, fisiatria ou acupuntura neurofuncional, o agulhamento seco torna-se uma ferramenta terapêutica precisa, eficaz e extremamente segura.
O agulhamento seco é uma técnica moderna, eficiente e segura para o tratamento de diversas dores musculares e disfunções relacionadas ao sistema musculoesquelético. Seus benefícios são amplamente reconhecidos na prática clínica, especialmente quando executado por profissionais habilitados e dentro de um plano terapêutico bem estruturado.
Conhecer os riscos, contraindicações e cuidados é fundamental para que o paciente se sinta seguro e tenha os melhores resultados possíveis com o tratamento.
Quer saber mais ou agendar uma consulta?
Se você tem interesse em saber mais sobre a acupuntura ou deseja agendar uma consulta, entre em contato com a Dra. Vivian Duarte. Com sólida formação médica e experiência na área, a Dra. Vivian está pronta para responder suas dúvidas e oferecer o melhor tratamento personalizado para suas necessidades de saúde. Agende uma consulta e descubra como a acupuntura pode ser uma aliada no seu bem-estar e qualidade de vida.
Dra. Vivian Duarte
Avenida Iguassu, 418, sala 304, bairro Petrópolis.
Porto Alegre – RS