As doenças autoimunes representam um desafio significativo para a medicina moderna. Condições como lúpus, artrite reumatoide, esclerose múltipla, psoríase e doença de Crohn, entre outras, afetam milhões de pessoas em todo o mundo, muitas vezes com impactos importantes na qualidade de vida. Ainda que não tenham cura definitiva, essas doenças podem ser controladas com acompanhamento médico adequado e o uso de abordagens terapêuticas complementares.

Nesse contexto, a acupuntura neurofuncional tem se destacado como uma ferramenta médica eficaz no alívio de sintomas, modulação do sistema imunológico e melhora da qualidade de vida de pacientes com doenças autoimunes. Mas como essa técnica funciona, e o que a diferencia da acupuntura tradicional? E, principalmente, quais os cuidados que devem ser tomados?

Neste artigo, vamos explorar essas questões e entender por que a acupuntura neurofuncional pode ser uma aliada importante no cuidado integrado de pacientes com doenças autoimunes.

Doenças autoimunes: quando o corpo ataca a si mesmo

As doenças autoimunes ocorrem quando o sistema imunológico, cuja função é proteger o organismo contra ameaças externas como vírus e bactérias, passa a atacar células e tecidos saudáveis. Esse comportamento inadequado pode levar a inflamações crônicas, dor persistente, fadiga, comprometimento funcional de órgãos e uma série de outros sintomas debilitantes.

A origem dessas doenças é multifatorial, envolvendo predisposição genética, fatores ambientais, gatilhos emocionais e desequilíbrios neuroimunológicos. Por isso, o tratamento costuma exigir uma abordagem integrada, que contemple o controle da inflamação, o manejo da dor, o suporte psicológico e a modulação do sistema nervoso autônomo.

O que é Acupuntura Neurofuncional?

A acupuntura neurofuncional é uma abordagem médica baseada em princípios da neurociência moderna, anatomia funcional e fisiologia do sistema nervoso. Diferente da acupuntura tradicional, que segue os mapas de meridianos da medicina chinesa, a neurofuncional utiliza o conhecimento científico atual para selecionar pontos específicos de estimulação com base na inervação, na função muscular e nas vias neurológicas envolvidas.

A técnica consiste na inserção de agulhas finas em pontos precisos do corpo — como músculos, nervos periféricos e raízes nervosas — com o objetivo de modular circuitos neurais, reduzir a inflamação, normalizar a atividade muscular e alterar padrões disfuncionais de dor crônica.

Quando aplicada corretamente por um médico especializado, a acupuntura neurofuncional é segura, eficaz e pode ser integrada a outras estratégias terapêuticas.

Como a acupuntura neurofuncional pode ajudar no tratamento das doenças autoimunes?

Embora a acupuntura não substitua o tratamento clínico convencional das doenças autoimunes, ela pode oferecer suporte significativo em diversos aspectos do cuidado ao paciente:

1. Modulação da resposta inflamatória

Um dos principais desafios no manejo das doenças autoimunes é controlar a inflamação crônica. Estudos indicam que a acupuntura neurofuncional pode modular a liberação de substâncias inflamatórias (como citocinas e prostaglandinas), ajudando a reduzir os processos inflamatórios sistêmicos que caracterizam essas doenças.

2. Alívio da dor crônica

Dores articulares e musculares são sintomas frequentes em pacientes com doenças autoimunes. A acupuntura neurofuncional atua diretamente sobre vias neurais envolvidas na percepção da dor, promovendo um efeito analgésico duradouro sem os efeitos colaterais dos analgésicos convencionais.

3. Melhora da qualidade do sono

Distúrbios do sono são muito comuns em quem convive com dor crônica e fadiga autoimune. A estimulação de pontos específicos contribui para o reequilíbrio do sistema nervoso autônomo, favorecendo o relaxamento e um sono mais reparador.

4. Redução do estresse e da ansiedade

O estresse é um dos fatores que podem agravar ou desencadear surtos inflamatórios em doenças autoimunes. A acupuntura atua também no sistema límbico e no eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, contribuindo para o controle do estresse e promovendo equilíbrio emocional.

5. Estímulo ao sistema nervoso parassimpático

A acupuntura neurofuncional ativa o sistema parassimpático, responsável por processos de recuperação e regulação do organismo. Esse estímulo é essencial para que o corpo encontre um estado mais equilibrado e menos reativo.

Quais doenças autoimunes podem se beneficiar da acupuntura neurofuncional?

A acupuntura neurofuncional pode ser indicada como terapia complementar para diversas condições autoimunes, entre elas:

• Artrite reumatoide;
• Lúpus eritematoso sistêmico (LES);
• Síndrome de Sjögren;
• Psoríase e artrite psoriásica;
• Esclerose múltipla;
• Doença celíaca;
• Doença de Crohn e retocolite ulcerativa;
• Tireoidites autoimunes (como Hashimoto e Graves).

Em todas essas condições, a técnica não visa curar a doença, mas melhorar os sintomas, reduzir a inflamação, aliviar a dor e promover maior bem-estar ao paciente.

Segurança e cuidados necessários

Assim como em qualquer abordagem médica, a acupuntura neurofuncional deve ser aplicada com responsabilidade. É essencial que o paciente seja avaliado por um médico que conheça a fundo sua condição clínica, o estágio da doença, os medicamentos em uso e os sintomas apresentados.

Além disso, o tratamento deve ser sempre integrado ao acompanhamento clínico convencional, e nunca utilizado como substituto da medicação prescrita pelo reumatologista, neurologista ou outro especialista.

A acupuntura neurofuncional representa uma abordagem moderna e embasada cientificamente, que pode ser integrada com segurança ao tratamento das doenças autoimunes. Ao atuar na modulação da dor, da inflamação e do sistema nervoso, essa técnica contribui para o alívio de sintomas e para a melhoria da qualidade de vida de pacientes que convivem diariamente com essas condições.

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Dra. Vivian Duarte

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